Você já parou para pensar sobre a verdadeira natureza da realidade? É possível que tudo o que conhecemos seja apenas uma simulação? Este é um pensamento intrigante que nos leva a questionar nossa própria existência e o universo que habitamos.
Nós, seres humanos, estamos limitados pela capacidade dos nossos sentidos e do nosso cérebro. Somos incapazes de experimentar a totalidade da realidade, apenas uma fração dela. É aí que entram os conceitos e ferramentas que utilizamos para expandir nosso conhecimento sobre o universo.
O progresso tecnológico tem desempenhado um papel fundamental nessa jornada, não apenas ampliando nosso entendimento do universo, mas também nos confrontando com possibilidades perturbadoras. Pode ser que um dia sejamos capazes de simular universos inteiros, mas como saberíamos se isso já não aconteceu? E se nós não somos os criadores, mas sim as criações?
A partir de uma versão modificada do famoso Argumento da Simulação proposto por Nick Bostrom, podemos traçar algumas suposições intrigantes. Primeiramente, assumimos que é possível simular a consciência. Embora a natureza da consciência ainda seja um mistério, podemos imaginar simular um cérebro com suas complexidades.
A progressão tecnológica também desempenha um papel crucial. Se o progresso continuar, podemos imaginar civilizações com capacidades computacionais inimagináveis, capazes de criar simulações complexas. Além disso, supomos que essas civilizações avançadas não se autodestruirão e terão interesse em rodar simulações.
Se todas essas suposições forem verdadeiras, a probabilidade de estarmos vivendo em uma simulação aumenta consideravelmente. E se existem muitas simulações, é mais provável que estejamos dentro de uma delas do que não.
Essas ideias podem parecer distantes da realidade, mas nos levam a questionar nossa compreensão do mundo ao nosso redor. No entanto, são suposições que atualmente não podemos testar cientificamente.
Então talvez estejamos em uma simulação neste momento… Falando sério, olhe para o nosso poder computacional atual. Podemos programar um mundo dentro de um computador. Agora, imagine no futuro, quando tivermos ainda mais poder, e pudermos criar personagens com livre arbítrio. E eu programo as leis que governam aquele mundo. Agora você é um personagem naquele mundo, e você pensa que tem livre arbítrio e diz: “Eu quero inventar um computador.” Então você inventa. “Ei! Eu quero criar um mundo no meu computador.” Então agora você distribui todos estes universos e atira um dardo. Qual destes universos você tem mais chance de acertar? O original que iniciou tudo? Ou uma das incontáveis simulações, da torrente de simulações que se criaram depois disso?
Você está em uma simulação? É uma questão intrigante que nos leva a refletir sobre a natureza da nossa realidade. A Hipótese da Simulação propõe que, se uma civilização pós-humana se tornar tecnologicamente avançada o suficiente, é provável que nós sejamos simulados. É uma ideia fascinante que nos leva a questionar o que é real e o que não é.
Há dois mundos, duas realidades. O mundo primário, onde a simulação está sendo executada, e o secundário, o mundo simulado que nós ocupamos, que para nós é o único. Ao criar este mundo, existem três passos para fazer com que o usuário acredite que ele seja real: Imersão, absorção e saturação.
Pense em videogames como Age of Empires, Civilization ou The Sims. Eles são sobre recriar ou mimetizar a realidade, revivendo eventos passados ou criando novos. Conforme os gráficos avançam, as experiências se tornam mais imersivas e os personagens digitais começam a reagir aparentemente por conta própria.
Atualmente, os personagens em um videogame são limitados por uma série de regras, uma série de leis definitivas. Um personagem não pode andar através de uma parede, mesmo que ela não seja verdadeiramente sólida. São linhas de código que ditam o que é ou não é sólido, mas ainda é chamado de parede.
Agora pense em nosso próprio mundo. É uma coleção de átomos que, juntos, formam objetos que nós chamamos de paredes. Foi atomicamente programado para se transformar em uma forma específica. Nós temos algo que aparenta e parece ser uma parede. Não vemos as peças microscópicas que a formaram, da mesma forma que não vemos o código em um jogo. Apenas esperamos que reaja de uma maneira específica, porque é o modo como nosso mundo é desenhado. Acreditamos que é feito de algo físico, não apenas um limite artificialmente programado.
Quando alguém vem à sua casa, como eles chegam? Você os viu sair? Você os viu dirigindo? Eles deixaram suas casas, o tempo passou e eles chegaram. É o Mundo Gestalt, uma estrutura ou configuração de detalhes que juntos implicam na existência de um mundo e faz com que a audiência preencha as partes faltantes de seus mundos, baseado nos detalhes dados.
Se eu ando para fora do quadro pela esquerda, você imaginaria que eu voltaria pelo outro lado. Mas e se eu voltar por outro lugar inesperado, sua percepção de realidade foi minuciosamente fraturada. É aquele Mundo Gestalt. O pressuposto de como as coisas deveriam ser que permite uma realidade simulada funcionar.
Nem tudo precisa ser renderizado, ou precisa existir simultaneamente para cada usuário na simulação. Talvez a razão pela qual o universo está crescendo e expandindo e que ainda não terminou de ser carregado. Pense na realidade virtual. Se você está olhando para sua frente, o que está atrás de você não necessariamente foi renderizado. Ainda não se tornou real. Não é real até que você vire sua cabeça e ele passe a existir e o que estava na sua frente agora se foi.
Então a questão passa a ser, como que você sabe se algo existe quando você não está olhando? É a versão tecnológica do Solipsismo. A ideia que somente sua própria mente existe com certeza. Tudo fora desse quadro, a pessoa animando, o escritório que eles estão, o mundo inteiro ao redor deles, incluindo você, podem não existir fora de minha própria mente.
Então, vamos dizer que estamos em uma simulação… Por que alguém ou algo iria fazê-la nessa escala, para começar? Uma das razões para rodar uma simulação massiva como essa é proposta pelo professor de filosofia Nick Bostrom em seu artigo: “Você está vivendo em uma Simulação de Computador?”. Ele alega que pode ser uma simulação ancestral. Uma civilização querendo ver o que aqueles antes deles fizeram. Como um livro de história, mas que ao invés de estar sendo lido, está sendo atuado. Ou poderíamos apenas ser personagens em um jogo de videogame incrivelmente avançado. Em nosso universo simulado, nós podemos ser o The Sims. E, nesse universo, nós até podemos jogar nossa versão bem rudimentar dos jogos de simulação em computadores e consoles, pensando que estamos no controle.
E em videogames os gráficos avançaram, eles ficam melhores com a nossa tecnologia. Mas eles não precisam ser perfeitos. Com a realidade virtual, nós sabemos que o que estamos vendo não é real, mas para os nossos sentidos e para nossa mente será. E nós reagiremos de acordo. Então, nessa versão em que vivemos, parece real para nós porque isso é tudo o que sabemos, mas para aqueles que programaram esse universo, realidade pode ser bem diferente.
É a “Alegoria da Caverna”, de Platão. Platão sugeriu que se você tivesse prisioneiros acorrentados em uma caverna desde que nasceram, sem poder olhar uns para os outros ou para qualquer lugar além de diretamente na frente deles, na parede. Tudo o que eles veem são sombras projetadas na parede pelo fogo atrás deles, que eles nunca viram. Isso é tudo que eles sabem, então para eles as sombras são a realidade e as vozes que eles ouvem também são das sombras. Desde que eles nunca experimentaram nada além disso, nunca viram uma pessoa real, nunca tiveram uma interação humana, eles não têm compreensão do mundo externo, ou do mundo em geral. Se um prisioneiro conseguisse escapar e deixasse a caverna, eles ficariam tão assustados e confusos pelo o que eles veriam, que iriam escolher voltar para o conforto de sua caverna. Sua realidade. E do mesmo jeito dos prisioneiros na caverna, o que nós vemos na nossa frente é o que acreditamos ser verdade. Acreditamos ser real. A dificuldade em decidir se em o que nós estamos agora é vida real ou simulada é o que o professor da Universidade de Nova Iorque, Professor David Chalmers, disse: “Qualquer evidência que nós consigamos pode ser simulada”.
E há uma distinção importante a ser feita. Nós não estamos em um mundo virtual, um mundo que existe independentemente de nós estarmos nele. Nesse cenário, nós somos jogadores em um jogo e há uma versão em carne e osso de nós em algum lugar controlando isso. Esse não é o caso com essa ideia. Nós estamos em um mundo simulado, o que significa que não somos os usuários. Não somos os jogadores, nós também somos simulados. Como Philip K. Dick disse: “Realidades falsas irão criar humanos falsos”.
Então, por que alguém iria pensar que o universo é simulado? Na verdade, nós temos cinco suposições para você. Se elas estiverem corretas, então você – querido leitor, é simulado. Suposição 1: É possível simular a consciência. A natureza da consciência ainda é um mistério, mas podemos imaginar simular um cérebro com suas complexidades. Suposição 2: O progresso tecnológico continuará. Se o progresso continuar, podemos imaginar civilizações com capacidades computacionais inimagináveis, capazes de criar simulações complexas. Suposição 3: Civilizações avançadas não se autodestruirão. Se isso ocorresse, toda a discussão sobre simulações seria irrelevante. Suposição 4: Civilizações super avançadas desejam rodar simulações. A motivação por trás disso pode ser desconhecida para nós, mas se desejam, a probabilidade de estarmos em uma simulação aumenta. Suposição 5: Se existem tantas simulações, você está provavelmente dentro de uma delas. Se bilhões de universos simulados existem, a probabilidade de estarmos em um deles é alta.
Essas suposições levam-nos a questionar a natureza da nossa existência e o mundo que nos rodeia. Apesar de não podermos testar cientificamente essas ideias atualmente, elas nos fornecem uma nova perspectiva sobre a realidade. No final das contas, seja qual for a verdade sobre nossa existência, o mais importante é aproveitar a jornada e continuar buscando conhecimento e experiências significativas.
Então, estamos em uma simulação? Talvez nunca saibamos ao certo. Mas a jornada para explorar essa possibilidade nos leva a questionar o que significa ser humano e a compreender melhor o mundo ao nosso redor.