Às vezes você se move pela cidadee sente em seus ossos quão estranho e novo tudo isto é. O espetáculo da civilização moderna, apenas ligeiramente mais velha que você. Com toda a sua lógica apertada, suas regras e diretrizes erígidas justificações para o porquê o mundo deve ser da forma que é. Há uma parte de que você que pensa: Você não está em casa aqui, isto ainda se parece com o Éden, e que anseia retornar. A história da humanidade é um deslocamento do campo para a cidade grande. Mas está acontecendo tão rápido que nossos cérebros ainda estão presos na Hinterlândia.
Então, agora há uma parte de você que anseia abandonar seu carro num congestionamento no tráfego, e fugir para a natureza. Que anseia viver fora da civilização, sem ferramentas ou simulações, experimentando a natureza em toda a sua simplicidade. Crua, indiferente e ferozmente real. Sentindo a exuberância e a dureza da selva, a clareza de comer, matar e crescer forte, a pura sorte de sobreviver durante a noite. Mas uma parte de você sabe que o Éden é uma fantasia e que você sempre estará flotando apenas acima dele, arrastando nuvens de civilização para seja lá onde você for.
Mesmo nossos antigos símbolos da natureza são profundamente antinaturais. As plantas que comemos são estereis, inchadas, irreconhecíveis para a cadeia alimentar. Nossos animais domesticados são uma caricatura de seus selvagens ancestrais. O cachorro da família é apenas mais um pedaço de tecnologia. E você também é um animal domesticado, envolto em fibras sintéticas e pensamentos sintéticos. Mesmo se você dormir nas montanhas com um fogareiro e uma mochila, tudo desde o zumbido em sua orelha até os uivos ao fundo estará tentando-lhe dizer: Você não está em casa.
Nós precisamos acreditar na queda do Éden. Mas, no final, fomos nós que expulsamos o mundo. Que o despiram, e lhe ensinaram o bem e o mal, e nos entrincheiramos num jardim murado. Não podíamos lidar com o estado verdadeiro da natureza, o insuportável caos sem antes dividi-lo em pequenas caixas, e pequenos jardins. Talvez nos estávamos errado desde o começo. No princípio, havia tudo.
