É difícil não olhar para o chão enquanto caminhamos. Se conformar com as limitações de sua circunstância, e manter o mundo girando. E tentar ficar sobre os alicerces de seja lá onde você está. Mas inevitavelmente você sempre acaba se lembrando de olhar para cima, e imaginar as possibilidades, sonhando com o que está lá fora. Antes de poder fazer qualquer coisa, você se vê preso aos alicerces de novo, no sentido de estar preso aos limites de casa, preso no planeta Terra. O quanto mais você olha para o céu, mais você se vê na Terra. Confrontando certas possibilidades.
É possível que haja outros nomes para nosso planeta que nós jamais saberemos. Que haja constelações em que nosso sol se encaixade um angulo que jamais seremos capazes de ver. Que haja muitas outras civilizações escondidas atrás do véu do tempo, longe demais para suas luzes nos atingirem algum dia. Nós sonhamos com outros mundos, e os nomeamos em homenagem aos nossos antigos descartados Deuses. E eles parecem quase tão distantes quanto. Longe demais para serem vistos ao olho nu, só apenas em computações gráficas de artistas, ou em um pixel espalhado num monitor, com as cores ajustadas para dar um toque.
Mesmo nossa vizinhança é incrivelmente vasta, estamos tão acostumados a mostrar os planetas agrupados juntos, porque se nós ajustássemos a escala eles estariam tão longe um do outro que nem caberiam na mesma pagina. E mesmo nossa própria lua, que aparenta estar tão perto da Terra, mas ainda sim tão longe que todos os planetas poderiam caber entre o espaço. É possível que nossos trajes espaciais não precisem de botas recauchutadas nunca mais. Mas algum dia, em breve, nós nos cansaremos de imaginar e iremos embora de casa de vez. E ficaremos acostumados a olhar nossos pés enquanto caminhamos, ocasionalmente parando para lançar uma única sonda no abismo, como uma mensagem numa garrafa.
Talvez não devesse importar se ninguém nunca encontrá-las, se ninguém estiver lá para saber que um dia nós vivemos aqui na Terra. Talvez devesse ser como uma pedra arremessada sobre a superfície de um lago, não importa onde acabou, só importa que nós estamos aqui na costa. Apenas tentando nos divertir e e passar o tempo… e ver até aonde vai. A dificuldade primordial que notamos foi que simplesmente havia muito pouco tempo para fazermos as milhares de coisas que gostaríamos de ter feito.